terça-feira, 18 de novembro de 2008

Encoberto

Já é muito tarde. Não tarda a amanhecer. A madrugada me encobre e dá forças para que eu seja quem quiser. Agora, ninguém me vê. Aqui, estou forte. Enquanto o sol não surge, estou bem, estou a salvo. Neste lugar, escrevo, falo, grito. Berro aos ouvidos, aos passantes, aos insones, aos ouvintes, aos insanos. O agora é o meu mundo. Estranho esse mundo, que se acaba quando surge o amanhecer. No meu mundo não tem alvorecer. Estranho e escuro esse mundo. Invisível e seguro mundo. Aqui e agora, estou fora do alcance, estou distante, estou contente. O aqui é fortaleza. O agora é proteção. A noite é companheira. O dia, assombração.

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