sexta-feira, 30 de maio de 2008

Nazareth

A noite não era muito propícia, pois era quinta-feira e na manhã seguinte tinha trabalho. Mesmo assim, a Hellooch estava lotada para receber os escoceses do Nazareth. O público era o mais diverso, com metaleiros, Harleyros, casais quarentões e simpáticos senhores, livres dos ternos usados durante o expediente do dia. A animação era grande. Antes do início do show, passava nos telões sons e imagens dos mais variados, como Status Quo, AC/DC, Kiss, Deep Purple, Led Zeppelin e outros tantos. A cada música, o povo cantava junto, mostrando que sabia todas as letras. Me posicionei no meu lugar oficial, junto à mesa de som. Quando o técnico da banda chegou e se preparava para o show, pedi que ao término ele me fornecesse a folha de papel com o "set list". Pedido atendido, roteiro do espetáculo assegurado, voltei os olhos para o palco. Passava um pouco das 23 horas, quando soou Beggars Day, anunciando o que viria a seguir. Os veteranos Dan McCafferty nos vocais e Pete Agnew no baixo davam o tom, acompanhados pelo filho de Pete, Lee Agnew na bateria e por Jimmy Murrison na guitarra. O som, pesado e eficiente, ecoou por duas horas, agradando a todos.
Ouviu-se, na ordem, as seguintes músicas:
Beggars day
Keep on travellin
Razamanaz
This flight
Day at the beach
My white bicycle
Enough love
Holiday
Whiskey drinkin woman
The gathering
Expect no mercy
H.O.D
Love hurts
Dream on
Morning dew
Love leads to madness
Cento e vinte minutos depois, cheguei a duas conclusões. A primeira é que Curitiba definitivamente está na rota das grandes bandas do rock mundial. A segunda, é que assim como o uísque de seu país, os escoceses do Nazareth são cada vez mais apreciados com o passar dos anos.

sábado, 17 de maio de 2008

Seqüência (a vida é bela)

A vida é assim, o roto fala do esfarrapado e comenta sobre a bala de hortelã, o farol aceso do carro, o sofá rasgado, o quadro novo na parede, as mágoas, as mangas, os mangás, as sensações, o suco azedo de limão, as dores ardidas no coração, o som alto do show de rock, a tentativa de ver, de ser visto, de ser ouvido, de ser esquecido, de nunca ter feito, de nunca ter sido, de nunca ter existido, do professor que tenta, do mestre que fala, dos alunos que não ouvem, dos pupilos que não querem, dos sorrisos metálicos, dos sorrisos forçados, dos risos amarelos, dos sentimentos amarelados, dos pobres, dos coitados, coitos corridos, coitos cortados, coitos varridos, doidos sentidos, sentimentos esquecidos, relacionamentos desfeitos, relações perdidas, elos vividos, elos odiados, elos esquecidos, do texto não escrito, da frase só pensada, do livro não recebido, do livro não lido, do livro relegado, do livro esquecido, da revista, da sacanagem, da engrenagem, da nudez, da rudez, da robustez, da mentira, do engano, do engodo, do entorno, do estorno, do nojo, do respeito, da verdade, da quase mentira, do torpe, do incansável, do asqueroso, do negociante, do trapaceiro, do nojento, do ladrão de sono, do ladrão de chances, do ladrão de alegrias, do ladrão de oportunidades, do ladrão de sonhos, da infância perdida, da juventude esquecida, do choro incontido, do tapa sentido, do rosto molhado, de chuva, de lágrimas, de mágoas, do rosto endurecido, do riso reprimido a tapas, a socos, a pontapés, no porão, no mastro, no convés, não convém, não importa, não interessa, a quem, por que, o que, que coisas, tudo passa, é passageiro, é cobrador, a vida cobra, mostra, bate, impõe, respira, humilha, aborrece, entristece, afugenta, esquece, engasga, embasbaca, entristece, não esquece, a distância, a demência, a ânsia, de vida, de vômito, de rota, de corrida, de fuga, de gente, de multidões, de trânsito, de tráfego, de tráfico, de influências, de incoerências, de gente, de drogas, de amarguras, de securas, de frescuras, de almas, conselhos, novas visões, velhas feições, novas ilusões, papo furado, discurso insano, texto insosso, metas sonhadas, metas traçadas, saídas bloqueadas, esperanças perdidas, sem mais sonhos, sem mais ilusões, sem mais nada, só com lembranças, só com cobranças, só com desesperanças, só com a vida.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ópera

Estranha é a melodia desta ópera da vida. Meus ouvidos tentam, mas não ouvem mais nada. Ritmos, timbres e notas soam fracas, pálidas, despercebidas. Coração guardado, mãos ligeiras, pensamento lento, sorriso enferrujado. A vontade de voar rompeu as amarras que me prendiam à você. O rumo é o do horizonte, onde dormem os astros, os anjos e as criaturas recém libertas.

domingo, 11 de maio de 2008

Whitesnake

Eram 23 horas, quando as cortinas se abriram e David Coverdale perguntou: ”Are you ready?” A partir daí, o que se viu e ouviu foi pauleira pura, misturada com três baladas. Durante duas horas, Coverdale e sua banda contagiaram a todos com seu som pesado e eficiente. A banda, composta por músicos de qualidade, foi um espetáculo à parte. É preciso saber de onde o velho Coverdale tira tanta energia, vitalidade e voz nesses 120 minutos de espetáculo. E, que espetáculo! Como é de praxe, ocupei a minha posição junto à mesa de som, onde um técnico inglês da banda e um brasileiro controlavam tudo. O que vimos a seguir foi de tirar o fôlego e deixar os olhos vidrados no palco. Após o show, o técnico de som me deu a folha com a relação das músicas, que servira no palco de guia para a banda. A relação é a seguinte:
- Intro
- Best Years
- Fool for your lovin’
- Bad boys
- Can you hear the wind
- Love ain’t no stranger
- Lay down your love
- Is this love (Snake dance)
- Crying in the rain
- Deeper the love
- Ain’t no love
- Give me all your love
- Here i go again
E o “bis” com:
- Still of the night
- Burn

Sim, o final do show foi com a antológica “Burn” do Deep Purple, entremeada por “Soldier of Fortune” e “Stormbringer”, para que Coverdale relembre os seus velhos tempos no Purple. Foi isso! Já fazia um bom tempo que eu não assistia a um show desse nível. Que o grande Coverdale tenha forças para continuar trilhando esse caminho, o caminho do velho e bom Rock’n Roll.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Fase

Existe uma época na vida de um homem, em que algumas coisas passam a ter sentido e outras, definitivamente, passam a não ter explicação. A forma de como se chegou até aqui, hoje, agora. A união, a desunião, a alegria da fuga, a paz do vôo alçado, a dor do vôo interrompido e o pânico de estar encarcerado. A maneira de como o tempo passou, de como se criou os filhos e a idéia de como eles serão daqui para a frente. Passam pela mente os amores, as alegrias, as dores, os remorsos e os rancores. Gostos, sabores, aromas, perfumes e dissabores são expostos em telas insistentemente penduradas o mais visível possível na vitrine da mente. Mente? Mentiras, afirmações, dúvidas, incertezas, verdades e acusações. Eis que a hora do balanço chegou. Saldos, salmos, retornos, estornos, saídas e chegadas. Eis que é a vez da partida. O tempo é agora. Eis que a hora é chegada.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Cartões de visita

Achei muito interessante saber que os funcionários de uma grande empresa mundial de brinquedos, ao invés de se utilizarem de um cartão de visitas tradicional, entregam às pessoas uns bonequinhos com as suas características físicas, trazendo seu nome, telefones e e-mail. Comecei a imaginar se todos se utilizassem de procedimentos semelhantes. Não seria interessante? Os médicos ao se apresentarem, forneceriam uma dica de saúde ou um diagnóstico. Os religiosos ofereceriam além de seu nome, um conforto espiritual. Os professores, ao darem a mão, passariam algum conhecimento. Os psicólogos, assistentes sociais e terapeutas junto com a apresentação, ofereceriam uma boa conversa e compreensão. Cada um ofereceria aquilo que possui de melhor. E nós, pessoas comuns, poderíamos oferecer um olhar sincero, um forte aperto de mãos e, por que não, um abraço?

quinta-feira, 1 de maio de 2008

1º de Maio

Hoje, durante uma viagem de trabalho, observei o que acontecia ao longo da estrada. Vi caminhoneiros viajando com suas cargas. Observei tratores arando a terra para semear uma nova lavoura. Percebi frentistas de postos de gasolina e garçons de churrascaria assumindo os seus postos, a fim de atender aos clientes viajantes. Motoristas de ônibus trazendo e levando centenas de pessoas aos seus destinos. Logo adiante, uma fina chuva começou a cair, molhando a terra, o asfalto e refrescando ainda mais o quase frio entardecer. Sim, hoje foi um dia de trabalho! Hoje é o dia do trabalho! Mas, não é feriado? É, mas como em todos os outros dias, é um dia de trabalhar. A Terra não para de girar, a natureza não deixa de derramar as suas chuvas e nós também não paramos. Felizes de nós por termos um trabalho! Parabéns a todos nós, trabalhadores! Nós ajudamos a mover as engrenagens desse mundo!