quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Pausa (Feliz aniversário)...


Logo cedo, no rádio do carro, música boa! Rock'n Roll da melhor qualidade! Seria uma homenagem? Acho que, no dia do nosso aniversário, deveríamos ter um botão “Pause” para apertar e parar quase tudo. Deixaríamos rodando apenas as coisas alegres e respiraríamos só o bom ar da felicidade...! Desejo um ótimo dia a todos, assim como está sendo o meu!

31/01/2013
11h 45min

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/4115630

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Gurizada fandangueira: boletim de ocorrência


Gurizada é uma forma afetiva de se referir aos jovens no Rio Grande do Sul. Fandango é dança, música, diversão… Grande era a vontade de se divertir naquela noite.


Na boate Kiss, naquela noite, “Gurizada Fandangueira” era o nome da banda que ia tocar. Eles costumam usar fogos de artifícios no show deles. Tudo para divertir a gurizada.

Kiss kiss kiss kiss kiss
Grande era a vontade de se divertir

A gurizada fandangueira, a banda e a plateia, só queriam se divertir no sábado à noite. Mas acabou ocupando o domingo. E a segunda. E a terça… E a semana… E a vida inteira dos amigos, da família e de muita gente.

A mídia queria entender rápido o que tinha acontecido. Tempos rápidos, os vividos pela mídia, por aquela gurizada, por todos nós.

Entender rápido. E acertar rápido. E errar rápido. Aprender e errar. E assim aprender rápido. É coisa trivial para a gurizada fandangueira.

Fazer tudo rápido é necessidade para a mídia, que para sobreviver aos novos tempos velozes, precisa entender e conquistar a gurizada fandangueira.

104 ligações não atendidas ficaram registradas no smartphone da garota que virou estatística do incêndio. Eram do pai, sonhando que a filha atendesse o chamado longe da fumaça tóxica da Kiss.

Não era um, não eram dois… Eram centenas de celulares tocando, ao lado dos corpos, no chão da boate, declarou o Coronel da Polícia, ainda zonzo de calor e frustração. “Uma orquestra macabra”, completou ao microfone da rádio.

A mídia precisa transmitir cada vez mais rápido os acontecidos. Um comunicado “oficial” falso dos donos da balada colocado num perfil fake de Facebook acabou lido e divulgado em rede nacional. Com a mesma pressa, a mídia também divulgou as notas de pesar e as visitas das autoridades, com seus semblantes solenes, à cena da tragédia. Todos empenhados em demonstrar suas agilidades.

Tempos velozes, os dessa gurizada. Uma velocidade tamanha que não deu tempo de renovar, nem de fiscalizar, o alvará, que estava irremediavelmente vencido. Agora é tarde, muito tarde.

(Quantos alvarás vencidos põem em risco, neste exato instante, a vida de milhões de jovens, velhos e crianças pelo Brasil? Assunto para nossa próxima investigação, no próximo bloco, depois dos comerciais… Fique ligado… Stay tuned… Stay…)

As autoridades estão ocupadas com o crescimento acelerado. E com as eleições sempre na pauta da mídia veloz e onipresente. Daí a falta de tempo para falar do alvará. Daí a falta de tempo para falar do que demora, como, por exemplo, de Educação. Daí a falta de tempo para treinar (ou seria educar?) os seguranças da Kiss, hiper zelosos em impedir a saída de quem tenta sair sem pagar.

Naquela noite, a gurizada fandangueira não queria sair sem pagar. Só queria sair porque estava quente. Quente era o beijo das chamas. Quente e macabra era a dança dos corpos na pista de dança da Kiss.

A gurizada fandangueira só buscava uma saída. Como cada um de nós busca uma saída para conviver com a brutal realidade da gurizada que não pode estudar direito nem se divertir tranquila num sábado à noite no Brasil.

Texto retirado do Blog do Tas

http://blogdotas.terra.com.br/2013/01/28/gurizada-fandangueira-boletim-de-ocorrencia/

#ForçaSantaMaria...!


"Santa Maria, rogai por nós..."

O dia em que o Brasil me perdeu


Por Marcelo Canellas*

Eu hoje tenho 20 anos e quero me divertir. Meus pais estão dormindo em casa e amanhã haveria um churrasco. Eu tenho a vida pela frente e quero mudar o mundo. Mas também quero namorar, dançar, rir, andar a esmo com amigos nas lombas íngremes da minha cidade. Eu sou feito da bafagem úmida da Serra Geral, dos morros que circundam a Boca do Monte, do eco metálico dos trilhos de outrora, da lembrança ancestral da Gare onde meus avós trabalhavam. Ainda que eu não tenha nascido aqui, eu tenho o viço púbere do futuro. Eu posso ter vindo das barrancas de Uruguaiana, das campinas de São Borja, das grotas de Santiago do Boqueirão, das videiras de Jaguari, de São Pedro do Sul, São Sepé, São Gabriel, Dom Pedrito, de cima da serra, não importa. Santa Maria sou eu, cidade cadinho, generosa e aldeã, que nos pariu a todos em seu útero colossal.

Eu sinto o afago do vento norte, eu vejo anciãs tomando mate na janela e cadeiras nas calçadas da Vila Belga em uma tarde quente de janeiro. Eu tenho o lastro interiorano de minha cidade, mas também as narinas abertas, os ouvidos atentos, os sentidos despertos para o que enxergo na face jovem de uma urbe sempre aberta ao novo, cosmopolita e inquieta, convidando-me para a festa da vida. Por isso celebro, brindo, bailo. Tenho o frescor do campus em meus modos, a avidez universitária do saber. Recebo, faceiro e agradecido, convite do conhecimento, as portas do desconhecido a me cortejar. Como eu não quereria viver? Então entro numa boate e não tenho mais voz, não tenho mais planos, não tenho saída.

Rogo a todos os que andaram sobre os paralelepípedos da Rio Branco para me salvar. Quero correr e suplicar socorro a quem me possa acudir. A bênção, Carlos Scliar. A bênção, Raul Bopp. A bênção, velho Cezimbra Jacques, meu Prado Veppo, a bênção Felippe d’Oliveira. Iberê Camargo, tu que estudaste no Liceu de Artes e Ofícios, ali bem perto de onde a primeira faísca espocou, a bênção. A bênção, todos os artistas e poetas da Boca do Monte. Precisamos de vocês para explicar o sentido do inexplicável. Vocês, que tiveram tempo para luzir, expliquem-nos: por que temos de findar?

Como posso adormecer, se mal despertei para o mundo? Como posso abdicar, se não brinquei o suficiente, não amei o bastante, deixei incompleto o edifício da minha história? Eu não choro só por mim, e nem meu pranto cai sozinho. Minha cidade é hoje o Brasil em luto. Minha juventude perdida é o meu país, perplexo e tonto, impotente a velar meu corpo. Santa Maria, rogai por nós.

*Marcelo Canellas é repórter da Rede Globo. Este texto foi publicado hoje em Zero Hora e no Diário de Santa Maria, terra natal do autor.  

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Livres prisioneiros...


Tal qual grãos de areia, ao sabor do vento, nas dunas do deserto, estamos onde e ao lado de quem devemos estar em cada momento...

02/01/2012
08h 01min

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/4064721