quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz Ano Novo!

Hoje, encerra-se mais um ano em nosso calendário. Foi mais um período de trezentos e sessenta e cinco dias que passou e que nos trouxe alegrias, tristezas, conquistas, vitórias e também derrotas. Para as pessoas comuns, foi mais um ano que passou. Para os atletas, foi mais uma temporada de campeonatos, competições e títulos. Para os mestres e alunos, foi mais um ano letivo nas escolas e universidades da existência. Para as mães, foi mais um ano completado por seu filho, onde ele aprendeu coisas novas e evoluiu como pessoa e como ser humano. Para os profissionais, foi mais um ano de trabalho e dedicação às suas atividades laborais. Para os enamorados, foi mais um tempo de paixão, onde o amor floresceu ou se tornou maior. Para os investidores, foi mais um tempo em que dinheiro foi ganho ou perdido com sorte, astúcia ou azar. Para os governantes, foi mais um ano onde crises, embaraços políticos e eleições tiveram que ser administradas. E, como cada um emite as suas opiniões a partir de seu ponto de vista ou da posição que se encontra em relação aos fatos, para os astronautas que estão em órbita da Terra, o ano que hoje se encerra não passou de mais uma volta que o nosso planeta deu ao redor do Sol, em eu eterno movimento de translação. Independentemente da maneira de cada um ver as coisas, sempre esperamos que o novo ano que se inicia seja melhor que o anterior. Esperamos sempre que possamos ter mais saúde, mais dinheiro e mais alegrias. Seja como for, onde quer que estejamos ou com quem estaremos na virada da meia noite, que possamos pensar apenas em coisas boas para nós e para o mundo. Que os nossos desejos e intenções possam entrar em ressonância e criar uma grande onda positiva a atingir essa humanidade tão necessitada de paz ao redor do planeta. E como é sempre bom pensar alto, eu faço como os astronautas em sua privilegiada janela para o mundo: desejo que a próxima translação da Terra possa ser a melhor de nossas vidas! Seja você quem for, esteja você onde estiver, um Feliz 2009!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Fute o que?

Existe uma terra longínqua, onde o povo cultiva estranhos hábitos. Entre eles, se destaca um. Por alguma influência que não se sabe de onde veio e inspirados em uns poucos compatriotas que obtiveram sucesso na vida jogando com uma bola um esporte chamado futebol, a grande maioria desse povo, nas horas vagas, pratica este esporte. Ou, pelo menos, tenta praticar. São crianças, adolescentes, jovens e adultos dispostos entre quatro linhas, divididos em duas equipes, correndo atrás de uma bola. Entre esse grande número de praticantes, às vezes, sobressai-se um que vai se juntar ao seleto grupo de milionárias estrelas do estranho esporte. Mas, na maioria das vezes, o que realmente se vê são barrigudos senhores saindo do campo de jogo e indo diretamente aos hospitais, cuidar das lesões sofridas durante a competição. São torções, fraturas e contusões que se acumulam nas fichas corridas dos pacientes. Apesar das caretas de dor e das promessas de parar, quinze ou vinte dias depois, lá estão eles dentro das quatro linhas novamente. Que estranha magia terá essa bola e por que tanta euforia é sentida ao conseguir coloca-la dentro do retângulo de paus guarnecido por redes, chamado de gol? Acho que para saber, deve-se correr, transpirar, tentar, insistir e, se possível, colocar a bola dentro das redes. Aí, é só esperar pela sensação que haverá de vir. Só assim será possível compreender o estranho hábito desse esquisito, alegre e irreverente povo. Qualquer semelhança com algo conhecido terá sido alguma coincidência?

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Turbulência

Complicada foi a situação de passageiros e tripulantes daquele vôo, durante aquela forte turbulência. Enquanto todos apertavam os cintos e se seguravam, os tripulantes faziam das tripas, coração. As comissárias guardavam rapidamente o carrinho com as bebidas e se seguravam firme para não cair. Ao mesmo tempo em que, pelo sistema de som, o comandante insistia para que todos se sentassem, aquele intrépido comissário insistia em atender ao pedido daquela jovem passageira: um copo d’água. Ele caminhava bravamente, mantendo o copo quase cheio sem derramar, ao mesmo tempo em que procurava se manter em pé. Passo a passo, copo quase derramando, suor frio no rosto. Insistiu nesse embate até que, em um movimento rápido, deu um belo gole naquela água mineral. Pronto! Ele se manteria em pé ao se segurar nas poltronas, aquela água já não molharia ninguém e a passageira ficaria satisfeita com a sua presteza e dedicação. A satisfação do cliente acima de tudo!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal!

A paz reina absoluta à beira das águas da Lagoa dos Patos. A noite de hoje é de mais paz. Em todos os cantos do mundo, as pessoas estão mais próximas nessa noite. Um sentimento diferente aproxima a todos. As famílias estão reunidas, os adultos conversam ao redor das mesas e as crianças estão mais alegres. Afinal, hoje é Natal! Que a noite de hoje possa ser, realmente, uma noite de paz em todos os lares! Feliz Natal a todos!

São Lourenço do Sul - RS,
24/12/2008
21h 32 min

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Emoções...

Qual é a emoção de um velho músico ao encerrar o seu último concerto e encarar os aplausos do público pela última vez, antes da aposentadoria? O que sentem os pais que se despedem de um filho que viaja para longe, seja para estudar ou para iniciar uma nova vida? O que sente um médico que, após intensa luta pela vida de um paciente, o perde? O que sentem os familiares que perdem alguém querido em um acidente de trânsito ou em um assalto violento? São, cada um a sua maneira, sentimentos de perda. Uns são mais intensos que outros, mas todos deixam uma sensação de ausência, de vazio. Quando mais um ano se encerra, muitas dessas sensações nos vêm à mente. Relembramos de cada situação vivida, cada alegria e, principalmente, de cada momento de tristeza. É algo involuntário, que simplesmente chega e se instala em nós. Melancolia? Depressão? Ou é simplesmente tristeza por vermos que mais um ano passou tão rápido que mal tivemos tempo de aproveitá-lo? A correria, as dificuldades e as lutas diárias não nos permitiram ver o tempo passar e nem a beleza de cada dia que se foi. Estas são sensações e emoções de final de ano. Talvez nessa época, tenhamos uma sensação de perda pelas coisas que não conseguimos realizar, juntamente com a constatação de que o tempo não para. Além de não parar, percebemos que ele corre cada vez mais depressa. Em doze dias, teremos que começar tudo de novo, pois 2009 vem aí. É a vida! Pensando bem, ainda bem que ela segue! Que venha o novo ano e que a luta continue!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Então, é Natal...

Mais um ano está chegando ao seu final. Hoje a tarde, aconteceu um Auto de Natal encenado por funcionários da empresa onde trabalho. É interessante e emocionante ver colegas de trabalho representando, encarnando personagens e contando a história do Natal. A apresentação aconteceu no pátio da empresa e foi assistida por muitos de nós. Nessa hora, são deixadas de lado todas as diferenças e as discussões que possam ter acontecido ao longo dos onze meses e pouco, já passados. Por alguns momentos estamos ali, em paz, com o coração leve e totalmente envolvidos com o espírito de Natal, que alegra e contagia. É muito bom fazer parte de uma grande empresa. É muito bom partilhar de uma alegria como essa com vários colegas e amigos. É muito bom estar com o coração desarmado de rancores e com a alma limpa, nesse tempo em que se finda mais um ano, mais um ciclo da vida. Por pouco mais de uma hora, deixamos de lado os equipamentos, os computadores e as máquinas diversas com as quais nos envolvemos diariamente, e nos doamos um pouco para comemorar esse tempo de boa vontade entre os homens. Tomara esses momentos durassem para sempre!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

As palavras que ninguém lê

É muito interessante ter uma coluna em algum meio de comunicação, seja ele um jornal, uma revista, ou um site na Internet. O bom é que ali se pode exprimir idéias, emitir opiniões e desenvolver pensamentos. Uma idéia maluca me surgiu agora. Mais interessante ainda, deve ser possuir um espaço assim que não seja lido por ninguém. Os artigos são ali colocados e lá permanecem intactos. As colunas são cuidadosamente digitadas e continuam incólumes. Os textos são publicados e permanecem no anonimato. Pode-se assim até contar segredos nesse espaço, pois eles ficarão bem guardados embora com acesso a qualquer um que se disponha a pesquisar. É até um jogo interessante esse, de esconder segredos em um local em que todo mundo possa ver. Se parece como um jogo de gato e rato, um caça-tesouros ou algo assim. Talvez um segredo revelado e não percebido até ganhe ares de algo maior. É como se fosse um risco corrido, porém calculado. Neste espaço, pode-se propor charadas, inventar enigmas ou simplesmente contar algo sério, fazer uma confissão, que não será nem notado. Corre-se ainda o risco de que quando isto for percebido, mesmo daqui a muitos anos, ganhar um prêmio pela criatividade. Nesse mundo maluco, quem sabe as palavras escritas e expostas para que ninguém perceba, não possam ser consideradas uma obra de arte? Seria uma arte abstrata, absorta, absorvida, ou simplesmente uma grande bobagem?

Introdução ao estudo das lágrimas

De onde elas vêm? O que são as lágrimas? Por que elas irrompem em nossos olhos em muitas situações? Na maioria das vezes, lavam o nosso rosto vindo sem qualquer aviso. Surgem líquidas, límpidas, cristalinas, expressando e demonstrando diferentes sentimentos como dores, tristezas e até alegrias. Existem as lágrimas de desesperança, as lágrimas de dor, as lágrimas de amor, as lágrimas de saudade e até mesmo as lágrimas de felicidade. Elas exprimem sentimentos de uma forma silenciosa, tornando nesse momento, desnecessárias as palavras. Aliás, elas cumprem sua missão em um belo e singelo silêncio. Em sua curta vida, essas pequenas gotas geradas no olhar, caminham pela face e vêm nos lábios desaguar. Quem somos nós para entender a grandeza das lágrimas?

sábado, 13 de dezembro de 2008

Até que enfim!

Ele escrevera um roteiro para o cinema, que foi sucesso total com a sua vizinha, que o amava. Escreveu letras de música, que a sua tia adorou. Lançou um livro que foi o mais lido por seus dois filhos. Em um belo dia de novembro, o seu coração parou. Ao enterro, compareceram todas as sete pessoas da família. Quinze dias depois, as contas começaram a vencer. Foi aí que ele foi reconhecido por seu maior público. Da manhã até a noite, filas de credores e cobradores se formavam em frente a sua casa. O reconhecimento tarda, mas acontece.

Eu não sou eu!

Depois de muito tempo enganado, finalmente percebi! Eu não sou eu! Por estranho que possa parecer, foi a essa conclusão que cheguei. Eu sempre me considerei um bom cidadão, um bom pai, um bom namorado, um bom marido, enfim, um exemplo. Pensei ter virtudes e ser alguém para ser observado e, quem sabe, imitado. Hoje, olhando para trás, percebo que não é bem assim. Sempre trabalhei muito para prover o sustento de todos em casa, mas, e o resto? Terei sido um pai que dialogou sempre que os filhos tiveram alguma dúvida em relação à vida? Propus-me a “discutir a relação” sempre que havia algum motivo para uma conversa mais séria com a mulher que estava ao meu lado? No trabalho, será que sempre tive atenção com os colegas que traziam problemas ou simplesmente queriam conversar? Será que sempre tentei ser cortês no trânsito, com os outros motoristas que nem sempre dirigiram da maneira mais adequada? Ou essa maneira era adequada e eu não percebi? A minha cota de paciência terá sido suficiente para que eu convivesse bem com todos? Acho que a maior parte dessas respostas é não. Não sei se esta reflexão é causada pela chegada do final de mais um ano, mas ela está acontecendo. Mesmo achando a princípio estranho, acho que ela é boa, pois permite ver aquilo que realmente fomos, somos, e quem sabe, melhorar aquilo que podemos vir a ser. Ou, pode ser apenas mais um daqueles estranhos balanços mentais de final de ano que costumamos fazer, que resultam em promessas de mudança que jamais serão cumpridas. Sei lá!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

É o fim...do ano

Está chegando mais um final de ano. Vêm aí o Natal e as festas de Ano Novo. Mas, o que estará acontecendo com as festividades de nossos finais de ano? Eu lembro que, antigamente, a chegada do Natal era uma festa. Não sei se era por sermos crianças, mas como ficávamos eufóricos com essa época do ano! Atualmente, o Natal representa apenas uma data em que o comércio vai faturar mais que nos outros onze meses do período. Percebo que as crianças já não sonham e os pais não fazem nenhum esforço para que esses sonhos voltem a povoar as suas mentes. Será errado falar aos pequenos de hoje, sobre o Papai Noel? É politicamente incorreto dizer à eles que é o bom velhinho que fabrica e traz os presentes na noite de Natal? Será que essa “mentirinha pura” vai trazer algum mal aos petizes? Mas, será que se disséssemos isso, eles acreditariam? Onde está ficando a inocência que as crianças possuíam? Elas não estão se tornando adultas, cedo demais? Eu recordo que os meus filhos foram criados com a expectativa da chegada do Papai Noel, com a euforia de abrir os presentes e com os largos sorrisos ao poder brincar com os brinquedos recebidos. Como aqueles sorrisos inocentes me faziam bem! Hoje, me pego sonhando e recordando destas coisas, como um velho. Preciso me apressar, pois o supermercado e o shopping devem estar cheios. Vou correr para garantir a ceia e os presentes, e mostrar aos meus filhos, quase adultos, que Papai Noel continua vivo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O velho, pesado e eterno som

O que pode o velho roqueiro fazer? Colocar o vinil na vitrola, fechar os olhos e quase chorar, lembrando de quando via e ouvia as suas bandas. Aquilo era som de verdade! Além disso, aquela era a época da descoberta, da revolta, da contestação, da juventude. Hoje, até os chiados e arranhões do velho disco trazem de volta a magia. Onde estão Jimmy Page, Ian Paice, Robert Plant, David Gilmour, Ritchie Blackmore, Roger Glover, Geezer Butler, Jon Lord, Ian Gillan e Ozzy Osbourne? Ouço ainda a música desses caras e tento sentir que tudo isso ainda continua vivo e a todo vapor. Mas, por que essas guitarras estão, aos poucos, silenciando? O que está fazendo parar o peso da bateria e o pulsar do velho baixo? E os teclados, porque não soam mais como antes? Mas, o velho jeans, o tênis e a camiseta me dizem que isso tudo não morreu e jamais morrerá. Dentro de mim, ouço todos esses sons no volume máximo, e é isso que ainda marca a cadência dos meus passos e o ritmo do meu coração...

domingo, 7 de dezembro de 2008

E eu?

Os heróis lutam, os jogadores disputam, os atores atuam, os cômicos fazem rir, os músicos lidam com melodias, os mecânicos mexem com motores, os escritores escrevem livros, os pintores manejam tintas, os médicos curam, os comerciantes negociam, os pedreiros constroem, os acrobatas se equilibram, os palhaços divertem, os cientistas pesquisam, os carteiros levam notícias, os garçons servem, os motoristas dirigem, os políticos governam, os banqueiros faturam, os endividados se afundam, as crianças sorriem e choram, os pais protegem... E eu? Observo o mundo em busca de respostas. Sei o que cada um faz, mas... E eu? Serei o que questiona? Ora, alguém precisa pôr um pouco de dúvidas nisso tudo...!

Só madrugada ou amanhecer solitário?

Já é madrugada e estou aqui, só. Já não sei para onde olhar e nem mais o que fazer. Filmes, assisti todos. Livros, decorei letras e frases. Músicas, conheço cada acorde. Estou parado, acordado, sonâmbulo. Só o meu pensamento não está comigo. Ele é teimoso e insiste em estar onde você está. Aí, vocês se unem e me deixam cada vez mais a mercê da saudade...

Boas Festas...?

Em todos os cantos do mundo, as cidades estão enfeitadas para as festas de final de ano, principalmente para o Natal. São ruas iluminadas por milhões de luzes coloridas e lojas com vitrines enfeitadas e atraentes. Mas, apesar destas conhecidas demonstrações de alegria, provavelmente esse Natal não será igual aos outros. A tão comentada crise financeira mundial já se faz notar. As ruas estão cheias de gente e as vitrines não deixam de ser admiradas, mas as pessoas não estão comprando como em anos anteriores. O medo do futuro faz com que a população mundial não ponha a mão no bolso como antigamente para comprar os seus presentes. O receio do que vai acontecer com seus empregos, com a economia de seus países e com as dívidas de suas famílias fazem surgir o medo de consumir, de fazer compras, de gastar. O espírito de Natal está presente, a neve cai no hemisfério norte e o sol brilha forte no hemisfério sul, mas algo está diferente esse ano. Os bolsos mais vazios e as mentes mais carregadas de preocupações farão com que esse Natal seja comercialmente mais minguado. Mas, se existir a união dentro dos lares e a vontade de devolver ao mundo a tranqüilidade de outros tempos, nem tudo estará perdido. Enquanto isso vamos sorrir, brincar com as crianças e admirar as luzes de Natal em nossas cidades enfeitadas e alegremente coloridas. Pelo menos isso, ainda é de graça.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O mundo virado

É uma lástima, mas estamos vivendo em um mundo em que os valores estão totalmente invertidos. Ou deveríamos dizer pervertidos? As famílias estão em crise, em uma onda de separações, traições e pouco caso como nunca se viu. Algo inconcebível como a crescente violência doméstica, inclusive sexual, contra mulheres e crianças, é de saltar aos olhos. Onde estão os avôs e avós carinhosos que se preocupavam em ficar ao lado dos seus netos? Onde está o pai que, ao invés de apenas bater, ensinava? Onde está a mãe que distribuía carinho, compreensão e amor aos seus rebentos muito antes de se preocupar com as cirurgias plásticas que podem, talvez, devolver-lhes a silhueta? E os filhos que se drogam e que desrespeitam pais, colegas de escola e não reconhecem qualquer tipo de autoridade? O que está acontecendo com a “instituição família”? O que podemos fazer para evitar que, com o tempo, esse não seja apenas um vocábulo perdido no dicionário? E, pior, que os nossos descendentes terão que decifrar para entender o seu significado. Ainda dá tempo! Tem que dar! Mas, temos que começar fazendo a nossa lição de casa, em casa.

O descanso

Ele havia se aposentado e retornado à sua terra natal. Era uma cidadezinha paradisíaca, a beira de uma imensa lagoa de águas mansas, rodeada por muitas árvores e sombra a vontade nos dias de intenso calor. Após mais de trinta e cinco anos de trabalho, havia chegado a hora de descansar. Ele já nem lembrava mais de quanto tempo vivera na grande cidade, com seu alvoroço e suas correrias diárias. E, ali estava! A garantia de uma velhice tranqüila, sem compromissos que exigissem agenda ou horários. Empolgado, comprou um veleiro e se pôs a navegar. Dia após dia, ia e voltava, lançava âncoras e pescava, erguia velas e navegava. Era uma maravilha! Os dias passaram, as semanas chegaram, os meses correram e os anos se mostraram longos, imensos, gigantescos. O vento que inflava as velas já não era tão fresco como antes. O sol que lhe bronzeava a pele, já incomodava. As águas que o banhavam já não eram tão mornas assim. Ele se viu parado, preso, aposentado! E agora? Para onde ir? O que fazer? As lembranças da cidade grande e suas avenidas repletas de automóveis já não saíam da mente. Mas, o que estaria acontecendo? O tão almejado sonho da aposentadoria estaria virando pesadelo? O descanso tão sonhado já não era tão interessante? A paisagem, outrora divina, estava se tornando enfadonha? Já começavam a ser sentidas saudades do ambiente do escritório! Que falta já estava fazendo a mesa abarrotada de papéis, documentos e pastas! Que vazio lhe dava já não poder ler as mensagens eletrônicas na exata hora em que chegavam ao seu computador! Estaria ele condenado a descansar eternamente em um cenário de cartão postal? Que coisa enfadonha! Que chato! Que saco! Nesse meio tempo, lá na antiga empresa de nosso personagem, o novo funcionário que ocupava a mesa que lhe pertencera, pensava. "Que sorte do nosso aposentado! Feliz, sem compromissos e sem nunca mais ter de pisar aqui. Isso que é vida! Eu daria tudo para estar lá, no lugar dele!" Quem está certo? Existe um tempo para tudo? Devemos seguir um roteiro com hora para trabalhar e hora para parar? Ou devemos ir preparando nossa mente para, assim que a idade chegue e se esgote o tempo da labuta, estarmos preparados para essa parada? Eu vou começar a guardar dinheiro para comprar o meu barco, de preferência, um veleiro. E, já comprei um mapa para decidir onde ancorar a minha vida na velhice. Tomara que seja em um porto seguro, de águas calmas e límpidas. Ah, e com a sombra de árvores para estender a minha rede.

Conjunção

Pare tudo, e corra para fora de casa nessa noite! No céu, está acontecendo um espetáculo que só se repetirá em 2052. Os planetas Júpiter e Vênus, mais a Lua, os três astros mais brilhantes do céu, estarão muito próximos hoje. O trio estará tão unido que poderá ser ocultado pelo seu polegar com o braço estendido. Embora os três astros estejam aparentemente próximos no céu, trata-se apenas de um efeito visual, por eles estarem alinhados com a Terra. Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, está muito mais distante da Terra do que Vênus, e por isso parece menor. Seja qual for a explicação científica, vá lá para fora. Vale à pena! Sabe-se lá o que estaremos fazendo daqui a quarenta e quatro anos. E, quem sabe esta conjunção nos traga boa sorte. Não custa tentar. Boa noite e boa observação!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Miragem

A minha viagem corria tranqüila, quando ela surgiu. Ocupou o assento vago ao meu lado, sem nem me olhar. De canto de olho, vi aquela loura deslumbrante. Cabelos longos, rosto bonito, corpo escultural. Sentou e, parecendo cansada, adormeceu. Lá pelas tantas, o seu celular tocou. Do outro lado da ligação, alguém que parecia querer uma reconciliação. Ela, com uma voz angelical, dizia que não seria mais possível e que cada um deveria seguir os novos rumos de suas vidas. Ainda no meio do telefonema, levantou tão rápido quanto chegou. O ônibus parou e ela desceu no meio da estrada. Teria sido um sonho? Imaginação? Miragem? Mas, miragem deixa perfume no ar?

Crepúsculo

A visão é privilegiada do oitavo andar. Vejo a cidade ainda adormecida. O sol já surge no horizonte por sobre as luzes ainda acesas nas ruas. Na sacada, sopra uma fria brisa. Volto o olhar para dentro e vejo você. O lençol mal cobre o teu corpo cansado do prazer sentido, sereno pela noite aquecida e feliz pelos sorrisos trocados. Sem dúvidas, é na cama que está o meu amanhecer.