domingo, 20 de abril de 2008
Letras esfarrapadas
Sinal vermelho. Carro parado. No tempo de parar na esquina, vi uma cena interessante. Na calçada, sentado no chão, um mendigo. Roupas esfarrapadas, pés descalços. Uma sacola plástica ao seu lado, provavelmente com todos os seus pertences. Barba e cabelos por cortar a meses. Em suas mãos, um caderno e um lápis. Ele escreve freneticamente. Olhos vidrados nas folhas de papel. Por vezes, esboça um sorriso, logo substituído por um ar de seriedade. Mas, o que ele escreve? Serão as lembranças de outra época da vida? De quando ele tinha casa, família? De filhos deixados para trás? São as descrições de seus sonhos? Uma carta de protesto contra o mundo? Infelizmente, o sinal abriu e tive que arrancar. E ele? Ficaria ali por quanto tempo? Quantas linhas ainda seriam escritas? Quantas páginas preenchidas de lembranças, ilusões e decepções? É pena, mas eu não saberei. Espero que as linhas escritas por ele possam de alguma forma, ser um lenitivo para a sua dura vida nas ruas. Que ricas memórias podem estar escritas ali, naquelas páginas? Ou serão loucuras? Só aquele caderno e aquele lápis, seus parceiros e cúmplices, sabem. Estranha e rica parceria. Ricas e tão sofridas letras...
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