quinta-feira, 3 de abril de 2008
As letras d'água
Achei muito interessantes as imagens que vi hoje, na Internet. Nesses tempos de pré Olimpíadas, todos os olhos do mundo se voltam para a China. Reportagens mostram as peculiaridades e os costumes de seu povo. O que me chamou a atenção, foi um senhor, já de idade avançada, escrevendo poemas no chão de cimento de Pequim, com um pincel de água. Provavelmente deve ser uma forma de ganhar algum dinheiro com os habitantes da cidade e com os turistas. Com arte, o velho escritor escreve a sua poesia no chão. Mas, o seu texto não dura mais que alguns minutos. Quando ele está terminando os últimos versos, os primeiros já estão desaparecendo com o sol que, aos poucos, vai evaporando as letras d’água. Isso se parece com as frases escritas na areia da beira do mar. Logo que vem a primeira onda, leva as palavras embora. O que significa essa atividade para aquele velho homem chinês? Passatempo? Forma de ganhar a vida? Prazer? Provavelmente, eu nunca saberei. Só sei que, assim como as suas letras escritas com água, ele desaparece todas as noites nas ruas de Pequim. Mas, a cada manhã, lá está ele novamente. Afinal, a vida segue e a sua arte, mesmo que passageira, não pode morrer.
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