domingo, 1 de fevereiro de 2009
Na memória...
O menino nasceu e passou a infância às margens da grande lagoa. Junto com a mãe e os irmãos passava as tardes na praia, nos quentes dias de verão. Iam municiados de um tarro de alumínio cheio de limonada gelada e guloseimas como pastéis, cucas e outros salgados e doces. Era uma festa sair da água com os dedos enrugados e encontrar o olhar carinhoso da mãe, uma toalha quente e aquele lanche delicioso. Era uma festa também para os amigos e primos que se encontrassem por perto. Após o lanche revigorante, novos mergulhos e jogos de futebol na areia. No final da tarde chegava o pai para dar umas braçadas com os filhos e voltar com todos para casa. Também passava as suas horas no meio da plantação de arroz da família. As águas, sempre elas, que banhavam o arroz irrigado durante todo o período de plantio também eram motivo de festa. Espantar os pássaros que se aproximavam dos pés de arroz verdinho e pular entre as marachas na lavoura lhe traziam alegria. Os campos de futebol cobertos de cascas de arroz construídos no quintal de casa com as traves feitas de bambu foram testemunhas de muitos “rachas” de bola. As lutas de espadas feitas com sarrafos e ripas do galpão de casa sempre acabavam em paz. Os passeios escondidos no cavalo do vizinho, dono do engenho de arroz, eram uma aventura e um segredo guardado a sete chaves. Os dias chuvosos em que saía protegido pela capa de chuva com capuz, feita de uma grossa lã azul marinho se transformavam também em uma jornada de aventura. Era como se estivesse atravessando geleiras ou andando em uma cidade fantasma sob um intenso temporal. A imaginação corria solta. Os seus vários cachorros na infância, entre eles tendo destaque o Lobo sempre foram companheiros de brincadeiras. O leite tirado direto das vacas e bebido com vontade e as uvas colhidas direto no parreiral de casa sempre foram apreciados. Os banhos de chuva nas ruas de terra e as brincadeiras de Tarzan nas árvores, eram sinônimos de tardes cheias de emoção. Eu já era feliz mas ainda não sabia.
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