segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Quase perfeito...
Aquela era uma cidade onde tudo acontecia de maneira ordenada e irretocável. Mesmo nos dias de sol, a população levava consigo um guarda chuvas. Afinal, a qualquer instante poderia chover. E, o que aconteceria se as roupas molhassem? Quando as babás levavam as crianças para brincar no parque, carregavam sempre uma outra roupa branquinha para trocar no pimpolho, após as brincadeiras. O que as pessoas falariam ao ver uma criança com as roupas sujas? Nas empresas, os funcionários estavam sempre dispostos a mudar de atitude ou de comportamento para combinar com o humor mostrado pelo gerente, naquele dia. O que o chefe poderia pensar de cada um, se as opiniões divergissem ou se aquela risada fosse considerada inadequada? Nas ruas, as pessoas evitavam falar ou rir muito alto para não perturbar o sossego de quem mais andasse por ali. Durante o outono, mal as folhas caíam no chão e imediatamente eram recolhidas pelos garis, atentos e rápidos. Tudo era correto e funcionava de uma forma automaticamente perfeita. Mas, estranhamente, a população era triste. A falta de sorrisos nos rostos era visível. Aquela perfeição era insuportavelmente chata! Existia uma ânsia aprisionada de tomar um banho de chuva. Nos íntimos, fervilhava uma vontade de jogar bola na praça, até ficar exausto. Que vontade de jogar um papel de bala no chão...!
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