O tecladista Jon Lord, fundador do Deep Purple, morreu nesta segunda (16), aos 71, de embolia pulmonar. Lord, que também tinha câncer no pâncreas, estava internado numa clínica de Londres, segundo o site da revista "NME".
O músico, que ajudou a criar o Deep Purple em 1968, também participou da composição de músicas que se tornariam clássicos do rock --como "Smoke on the Water" e "Child in Time".
Misturando rock e música clássica, Lord ficaria conhecido também por seu "Concerto For Group And Orchestra", tocado no Royal Albert Hall, de Londres, com o Deep Purple e a Royal Philharmonic Orchestra em 1969, com regência de Malcolm Arnold.
Lord passou por todas as formações da banda até 2002. Uma declaração de seus assessores sobre a morte do tecladista dizia apenas: "Jon passa das Trevas para a Luz".
Ele também trabalhou com as bandas Whitesnake, Paice, Ashton & Lord e The Artwoods.
Em 2009, Lord veio a São Paulo para se apresentar na Virada Cultural. Ele fez o show de abertura do evento, ao lado da Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência do maestro Rodrigo Carvalho.
CÂNCER
Em agosto de 2011, o músico usou seu site oficial para falar a fãs e amigos que estava com câncer. "Gostaria que todos os meus amigos, seguidores e fãs soubessem que estou lutando contra o cancêr e, por isso, vou pausar minha carreira enquanto faço tratamento em busca da cura", escreveu.
Dizia ainda que continuaria a compor --"no meu mundo, isso deve fazer parte da terapia"-- e que esperava retornar em boa forma neste ano.
Lord era casado com Vickie, irmã gêmea de Jacky Paice, que por sua vez é mulher de Ian Paice, baterista do Deep Purple. O músico deixa duas filhas.
Jon Lord foi um pioneiro na fusão entre rock e erudito
Era um caso raro na música. Depois de uma carreira bem sucedida como tecladista de duas das maiores bandas de rock do planeta, aposentou-se em 2002 para compor peças eruditas. Para ele, clássico e popular elaborado eram apenas aspectos de uma mesma entidade - a boa música.
O caminho era quase natural. Tendo aprendido a tocar os clássicos no piano, Lord apaixonou-se pelo rock ao ouvir Buddy Holly começou a tocar em combos de jazz, rhythm'n'blues e depois rock. Sempre que encontrava uma brecha, contrabandeava uma citação erudita em meio aos solos; "Für Elise" era uma presença constante. Fã do tecladista de jazz Jimmy Smith, tornou-se um dos mais famosos usuários do órgão Hammond.
Em 1969, aos 27 anos, ele compôs com a ajuda do maestro Malcolm Arnold um Concerto para Grupo e Orquestra, temperando a estrutura de uma peça erudita com a eletricidade agressiva da fase mais criativa do Deep Purple, a mesma equipe que comporia "Smoke on the Water" em 1972.
"[O Concerto] conta a história de um jovem, que eu era na época, apaixonado por dois tipos de música, o rock e o clássico", resumiu ele em entrevista à MTV em 2009, quando tocou sua obra com a Orquestra Sinfônica Municipal, na Virada Cultural.
Participando de um dos grupos de rock que mais mudanças tiveram em sua formação, Jon Lord fez parte de todas as sete equipes do Deep Purple entre 1968 e 2002, quando se aposentou. Com eles, gravou 17 discos de composições inéditas, conheceu 23 países e veio ao Brasil em quatro turnês: 1991, 1997, 1999 e 2000. Foram 28 shows em 9 cidades.
Foi justamente por causa da correria da estrada que ele resolveu se aposentar e curtir um pouco da vida, compor o que quisesse, ver algo além de aeroportos e quartos de hotel onde visitasse. Uma cirurgia no joelho, no final de 2001, fez com que ele pedisse a aposentadoria.
Mesmo fora da banda, ele continuou encontrando os velhos colegas regularmente na Sunflower Jam, evento beneficiente promovido pela fundação de apoio a pacientes de câncer dirigida por sua mulher, Vickie, e sua cunhada, Jackie, mulher do baterista do Deep Purple, Ian Paice. No ano passado, o show apresentou uma inédita colaboração entre ele e Rick Wakeman, outro grande tecladista do rock dos anos 70.
Desde 2004, Lord gravou cinco discos orquestrais e recentemente finalizou a primeira gravação em estúdio do Concerto, com as participações de Bruce Dickinson (do Iron Maiden), Steve Morse (do Deep Purple) e Joe Bonamassa (do Black Country Communion). Todo ano, estava entre os mais votados do Hall da Fama da rádio Classic FM, londrina.
Há um ano, Lord ganhou o título de doutor honoris causa da Universidade de Leicester. Em setembro, anunciou em seu website que sofria de um câncer.
"É claro que vou continuar escrevendo música - no meu mundo, isso deve ser parte da terapia - e espero estar de volta em boa forma no próximo ano", escreveu.
Chegou a anunciar sua volta aos palcos em maio, na Alemanha, mas precisou cancelar o show para cuidar da saúde. Nesta segunda-feira, sua equipe anunciou sua morte.
Fonte: Folha de São Paulo / UOL
Rest in peace, Jon...!
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