Areias claras
Águas mansas
Costa doce
Espíritos da natureza
Vós sois Ondinas
De areias mais grossas
De águas mais rasas
Estão vós, mitológicas Nereidas
Até onde o sol se põe
Onde me escondo
Onde tu me banhas
Lavas a alma minha
Onde lambes o Carahá
És tu, minha Barrinha
quarta-feira, 13 de maio de 2009
terça-feira, 12 de maio de 2009
Lagoa dos Patos
Minha lagoa
Imenso mar doce
Praias pacatas
Brancas areias
Esguios coqueiros
Sentinelas de pedra
a vigiar nosso banho
Mornas águas,
onde navegam lembranças,
onde se afogam as mágoas,
onde as velas se içam,
onde as redes se tramam,
onde salgam as águas,
onde lavo a alma,
onde sou teu filho,
onde vejo famílias,
onde se abrem sorrisos
Estuário da vida
Berço da minha existência...
Imenso mar doce
Praias pacatas
Brancas areias
Esguios coqueiros
Sentinelas de pedra
a vigiar nosso banho
Mornas águas,
onde navegam lembranças,
onde se afogam as mágoas,
onde as velas se içam,
onde as redes se tramam,
onde salgam as águas,
onde lavo a alma,
onde sou teu filho,
onde vejo famílias,
onde se abrem sorrisos
Estuário da vida
Berço da minha existência...
domingo, 3 de maio de 2009
Mulher de quarenta
Admiração... Não! É mais que admiração. Eu tenho um sentimento muito especial em relação às mulheres de quarenta anos. Diferentemente das meninas, elas possuem o seu brilho próprio, discreto e exuberante. São lindas, charmosas, especiais. As suas marquinhas de expressão mostram o caminho já percorrido e traçam as trilhas para o que ainda irão viver. Vestem-se com indescritível bom gosto e valorizam suas formas com àquele vestido, echarpe, bolsa ou sapato escolhidos a dedo para toda a ocasião. Sabedoras de suas fraquezas, conscientes de seus erros passados e esperançosas em relação ao futuro, são amadurecidas, sem serem amargas. São lindas, apenas exibindo a expressão serena do rosto. Abertas ao amor, mas precavidas. Esperançosas, mas com um pouquinho de receio, nunca confessado. Encaram tudo com o belo sorriso aberto, iluminando quem se põe em seu caminho. Elas são belas, elas são charmosas, elas são sensuais, elas são lindas! Todo o meu carinho, amor e respeito às mulheres de quarenta anos! Eu amo uma mulher de quarenta anos! Ainda bem que você existe!
Cada um no seu quadrado!
Sim, cada um no seu maldito quadrado. Cada um enclausurado em seu quarto. Cada um preso aos seus pensamentos, traumas e mágoas. Um ouvindo música, o outro tentando dormir para não pensar na vida e o terceiro acordado, com os olhos vidrados, pensando exatamente na desgraça em que se transformou também a sua vida! Em raros momentos de lucidez, consegue pensar no que está fazendo com a vida dos outros, também. As músicas vindas do quadrado escuro, são sempre as mesmas. Elas se repetem, invadindo os ouvidos e irritando os cérebros cansados. Por vezes este, o da música, canta. Talvez na tentativa de abafar seus pensamentos. O que dormia, já com os olhos inchados, não consegue mais adormecer. Quem sabe a técnica de contar carneirinhos não poderia ajudar? São três criaturas incrustadas em seu cubículos quadrados! Quadrado é o quarto, transformado em cela solitária. Quadrado é o pensamento. Quadradas são as grades que os prendem às suas próprias mentes. Perdido é também o olhar em direção ao futuro. Perspectivas de um amanhecer melhor? Não! Pois, cada um está só, enclausurado em seu quadrado! Coitados...
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Enquanto isso, no consultório...
- Quais são os sintomas?
- Doutor, eu é que vou perguntar ao senhor...
- Até quando devemos ir levando tudo de arrasto na vida?
- Como assim?
- Até quando devemos deixar a vida nos levar de arrasto, como se fôssemos um tronco seco de madeira na corredeira? Até quando uma única criatura deve, pode ou consegue resistir às pressões de ser pai, mãe, profissional, patrão, empregado, namorado, estudante, paciente, motorista, amigo, inimigo e mais outro número igual de coisas das quais eu não lembro agora?
- E o que você sente?
- As pernas travam, os braços se enrolam, o coração dispara, a mente bloqueia e vem a vontade de parar, de não sair do lugar...
- Aliás, foi o que fiz ontem, travei...
- Hummm...
- Continue...
- Os filhos crescem, as preocupações aumentam, o bolso fica vazio, a namorada reclama de ausência, de falta de diálogo, de atitudes, de vontade, o professor exige trabalhos manuscritos, são impostos prazos, condições, o cachorro quer comer bolacha e eu não sei se devo dar, o telefone não para de tocar com alguém oferecendo um novo cartão de crédito, cobrando a prestação que ainda não foi paga e a empresa onde você trabalha por três décadas fala em demissão exatamente pelo fato de você estar lá há tanto tempo...
- Por onde começar a tentar resolver, doutor?
- Hummm...
- Isso é normal, doutor?
- Me diga... Isso acontece sempre?
- Bem, nos últimos tempos, apenas quando acordo e abro os olhos pela manhã...
- Doutor, eu é que vou perguntar ao senhor...
- Até quando devemos ir levando tudo de arrasto na vida?
- Como assim?
- Até quando devemos deixar a vida nos levar de arrasto, como se fôssemos um tronco seco de madeira na corredeira? Até quando uma única criatura deve, pode ou consegue resistir às pressões de ser pai, mãe, profissional, patrão, empregado, namorado, estudante, paciente, motorista, amigo, inimigo e mais outro número igual de coisas das quais eu não lembro agora?
- E o que você sente?
- As pernas travam, os braços se enrolam, o coração dispara, a mente bloqueia e vem a vontade de parar, de não sair do lugar...
- Aliás, foi o que fiz ontem, travei...
- Hummm...
- Continue...
- Os filhos crescem, as preocupações aumentam, o bolso fica vazio, a namorada reclama de ausência, de falta de diálogo, de atitudes, de vontade, o professor exige trabalhos manuscritos, são impostos prazos, condições, o cachorro quer comer bolacha e eu não sei se devo dar, o telefone não para de tocar com alguém oferecendo um novo cartão de crédito, cobrando a prestação que ainda não foi paga e a empresa onde você trabalha por três décadas fala em demissão exatamente pelo fato de você estar lá há tanto tempo...
- Por onde começar a tentar resolver, doutor?
- Hummm...
- Isso é normal, doutor?
- Me diga... Isso acontece sempre?
- Bem, nos últimos tempos, apenas quando acordo e abro os olhos pela manhã...
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