A distância é amiga ou inimiga dos enamorados, dos amantes, dos amados, dos apaixonados?
Ao mesmo tempo em que ela machuca o coração com as farpas da falta, reforça um sentimento que a cada minuto que passa, se torna maior e mais intenso.
Ao mesmo tempo em que as lágrimas escorrem pela face, um riso interno acalma e alivia, pois prevê que, ao terminar o afastamento, a tristeza dará lugar a uma alegria sem medidas.
As lágrimas já secas, terão servido para regar a face onde agora brota um sorriso em parceria e ressonância com o coração e a alma. Aliás, a alma dos apaixonados voa cada vez mais alto, alcançando altitudes onde só o oxigênio da paixão e as amarras do amor permitem uma sobrevivência segura.
No instante do reencontro, todas as fibras e células dos corpos se estiram, se encolhem e se escolhem entre si para ver quem tocará suas semelhantes no corpo do ser amado, primeiro.
A boca saliva, o coração pula desordenadamente no peito, os fluidos e secreções do corpo são produzidos em abundância em um ritmo frenético, que só será interrompido bem depois, no clímax de tudo, no auge, no gozo, no paraíso. Passo consecutivo, as mãos suadas ainda se procuram, se encontram, se tocam. Os corpos cansados da batalha se entregam a um aconchego onde apenas o brilho dos olhos e a luz do sorriso cintilam.
A sensação de encontro e de união das almas é completo. A única informação que circula e é transmitida telepaticamente, é que o mundo gira e acaba ali, nos braços enlaçados, nos corpos extasiados sob o olhar de proteção do ser amado. Esta é a força poderosa, esta é a magia...
Curitiba, 30 de março de 2007
* Revisando antigos arquivos, encontrei este texto, e resolvi (re)publicá-lo hoje...
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